As manifestações desse país são geralmente financiadas com dinheiro e texto combinados. Não há mais o pretexto da dialética, mas o favorecimento pessoal retroalimentado pelo processo político-eleitoral. É só lembrar o fatídico 8 de janeiro. As elites brasileiras têm sempre uma fala pronta: “todo artista é preguiçoso”,; “todo estudante é baderneiro”; “todo professor universitário é maconheiro”; “todo sindicalista é pelego”; “todo trabalhador é massa de manobra...” E, muitos de nós acreditamos nesse absurdo, por ser reverberado como verdade.
Deixamo-nos ludibriar pelo discurso repetitivo e conservador daqueles que fomentam a corrupção para se manterem longe de "ameaças". Organizações que historicamente exploram, escravizam, e humilham o trabalhador brasileiro sob a alegação de que “movimentam a economia”. Ora, se “a força de trabalho é a mais importante das forças produtivas”, em todas as bandeiras de luta, deve-se estar escrito: justiça e igualdade! Nao e só salário X pão na mesa. Reflita comigo: Dos 513 deputados e 81 senadores quantos são negros? Quantos representam a classe trabalhadora? Quantos são lideranças estudantis ou sociais? Quantos são originários das periferias desse país? Não há.
A maioria esmagadora do Congresso Nacional é formada de homens brancos, membros de famílias tradicionais, representantes das oligarquias brasileiras e que nunca “deram um prego numa barra de sabão”. A troco de quê damos a eles esse direito quase que vitalício aos cargos públicos?. Estamos sendo bem representados ou estamos apenas querendo nos isentar da discussão política? O que seria muito pior! Não façamos de conta, pelo amor de Deus. Assim dificulta a renovação dos quadros. "A política brasileira é um jogo sujo, um clichê que se perpetua com a passividade e resignação do povo brasileiro”. Se as ruas não são mais o palco das indignações espontâneas, que as urnas ainda sejam das transformações.
Misael Nóbrega de Sousa
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