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“O VELHO”; por Misael Nóbrega

Aquele velho parece sossegar no colo da idade. Estrábico e descrente repousa num banco de praça... - De onde assiste ao tempo tirar lascas de seus últimos instantes.

17/06/2023 às 08h09
Por: Daniel Almeida Fonte: Misael Nóbrega
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“O VELHO”; por Misael Nóbrega

Aquele velho parece sossegar no colo da idade. Estrábico e descrente repousa num banco de praça... - De onde assiste ao tempo tirar lascas de seus últimos instantes.

O olhar contempla a ausência. Como emendar os períodos subtraídos já que nem a memória lhe é lícita?  Não há companhia ao seu lado. Aliás, há muito que ninguém o nota. Também não há sonhos...  - Aves agourentas por sobre a cabeça. Mas, essas abstrações não o aborrecem mais.

Os arranjos da noite se ajuntam numa confluência de exageros. Gracejos juvenis rasgam o céu de brigadeiro, mas também não há desdém  – Apenas leveza. Todavia, aquela atividade ao derredor é só para lhe testar a paciência. Alheio, não considera as invencionices. O que é modernidade? Simplifiquemos: quase tudo foi recriado. E o que pensa, talvez só importe a ele mesmo. Aquele senhor  é a reencarnação de todas as épocas. O paletó, de caimento impecável, deve ter sido costurado por um alfaiate já falecido. E por falecimento, uma dúzia de amores.

Como dono da vida, resolve sair. Na avenida que se estende doravante: a igreja de fundo, mansão dos valores espirituais e devoção de todos os seus. Nos passos trôpegos, sustenta-se em sua honradez. Porém, aonde vai?  Quem sabe, tenha resolvido voltar para casa. Segue por ali um abecedário da vida, tal qual um livro aberto com todas as letras caindo... - E, em respeito, um mundo inteiro lhe abrindo caminho.

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