Arrancado do peito vê a mãe pela última vez. É a sina. Pela retina, o menino, a menina...- Dali por diante, e até o fim de seus dias, estarão por conta própria. “Como poderei viver, como poderei viver; sem a tua, sem a tua; sem a tua companhia (...)”.
Abandonado à sorte, não sabe o que é morrer. Morrer é para os fracos. Carregado, feito embrulho, acostuma-se aos braços alheios. Não há laços, abraços... Apenas muros. Uma prisão dentro da prisão. "Se essa rua, se essa rua fosse minha; eu mandava, eu mandava ladrilhar (...) “.
Na memória afetiva, a imagem da virgem Maria. A quem pertenço? O sentimento de frustração só não é maior que o de rejeição. A quem culpar? “Pai Francisco entrou na roda, tocando seu violão (Balalan, ban, ban, ban); vem de lá seu delegado, e o Pai Francisco foi pra prisão (...)”.
Não se trata de adotar para fazer um bem a si próprio ou preencher uma falta. - Eu quero um de olhos azuis e cabelos loiros, como nos filmes. - Mas, todos aqui são anjos. - Não, não, esse não... - Um menorzinho. E, de mãos entreabertas, esperam ser escolhidos. “O Anel que tu me deste era vidro e se quebrou; o amor que tu me tinhas era pouco e se acabou; (...)”.
Na próxima vez, quem sabe?... Mas, o tempo é inimigo. Quanto mais crescido, mais distante... Mais difícil. – E, recolheu-se. Algo que aprendera a fazer para não ter que crescer. Uma dor que se renova em desfavor do mundo. “Durma neném, que a Cuca logo vem; Papai está na roça e Mamãezinha em Belém (...)”.
E, em todas as noites, o mesmo sonho: Aonde fores, eu vou. Vou andando, vou correndo. Aonde fores, eu vou. Plantarei flores. Terei escola? Farei as lições, comerei legumes... - Aprenderei a ser filho, como o seu filho. “Vamos, maninha vamos; lá na praia passear; vamos ver a barca nova que do céu caiu no mar. Nossa Senhora está dentro, e os anjinhos a remar ".
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